Publicado no Jornal OTEMPO em 29/06/2012
AGÍLIO MONTEIRO FILHO E AMAURI MEIRELES
Ouvidor geral adjunto do Estado de MG e coronel da reserva da PMMG
Na década passada, já se ouvia que o sistema penitenciário brasileiro
estava falido. Desinformados exageravam na retórica e o povo se sentia
desprotegido com a violência sendo alimentada de dentro dos estabelecimentos
penais. Já os técnicos de defesa social diziam que o sistema estava abandonado,
desassistido. Antes, efeito da violência, o sistema transformava-se em causa.
Em 2003, o novo governo criou a Secretaria de Defesa Social, fusão da
Secretaria de Justiça e Direitos Humanos com a de Segurança Pública. Lá, a
Subsecretaria de Administração Penal, parte específica da Execução Penal
cometida ao Executivo, identificou expressivos aumentos e diversificação no
espectro da tipificação e uma nefasta evolução da covardia e da organização no
currículo de novos custodiados. Para enfrentar essa revigorada ameaça social,
encontrou uma configuração anacrônica, com recursos humanos, logísticos e
administrativos insuficientes, além de uma acentuada dissonância entre as
rotinas e os procedimentos operacionais desejáveis e necessários. 
Criaram-se a Superintendência de Coordenação da Guarda Penitenciária, a
Diretoria de Inteligência Penitenciária e o Comando de Operações Penitenciárias
Especiais (Cope), inspirado no Comando de Operações Táticas (COT) da Polícia
Federal. Isso se deu em razão de pesquisas e assimilação do entendimento de a
Administração Penal ter duas vertentes: a Guarda Prisional, que realiza a
custódia, e um Corpo Técnico (advogados, médicos, dentistas, psicólogos,
enfermeiros, educadores, assistentes sociais etc.), que cuida da
ressocialização.
Para liberar-se a PMMG da custódia em estabelecimentos penais, agentes
penitenciários foram treinados para isso, iniciando com a assunção da guarda
externa das penitenciárias Nelson Hungria e José Maria Alckmin. Na seqüência, Dutra
Ladeira, Centros de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresps) e as cadeias
públicas, reformadas e com a denominação de presídios. A transferência do
encargo para a Subsecretaria permitiu realocação de efetivos da PMMG em
patrulhamento de logradouros e retorno de efetivo da Polícia Civil à atividade
finalística de investigação. O aumento de unidades denominadas Associação de
Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) foi um fato positivo.
A Guarda Penal - originariamente Guarda Penitenciária - tende a atuar à
semelhança da U.S.Marshalls, agência federal dos Estados Unidos, realizando a
segurança de tribunais, cumprimento de mandados de prisão, escolta de presos,
recapturas, fiscalização de penas restritivas de direito.
A Guarda Penal mineira, via efetividade, desalojou a inércia que
vigorava. No Congresso desde 2004, está a PEC 308, que busca o reconhecimento
normativo da Polícia Penal. Alguns parlamentares estaduais, diante dessa
demora, estão inclinados a reconhecer, via PEC estadual, que a Administração
Penal, realizada com fundamento no poder de polícia penal, é a própria Polícia
Penal.

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