A atividade
penitenciária impõe maiores desgastes do outras profissões de alta
periculosidade como a de policiais e equivalente a soldados em combate
Publicado: 20 Julho 2018.
Conforme a
Organização Internacional do Trabalho (OIT), a profissão de agente
penitenciário é a segunda profissão mais perigosa do mundo. Segundo estudos do
Centro de Tratamento de Psicologia(CPA) da Universidade Estadual Paulista
(Unesp), a natureza do trabalho do agente é causadora de alterações
psicológicas já que a extrema ansiedade e apreensão, entre outros sentimentos,
fazem parte do cotidiano de trabalho. Um estudo recente da Universidade dos
Estado de Washington (EUA) evidenciou que alguns agentes chegam a viver
sofrimento semelhante ao pós-guerra.
A
universidade norte americana mostrou que 19% dos guardas de prisões dos Estados
Unidos sofrem com Síndrome de Estresse Pós-traumático. Os dados, embora não
sejam resultados de amostra de profissionais brasileiros, são indicativo de que
parte dos trabalhadores do sistema adoece psiquicamente, e tal fato é
claramente agravado devido às condições de trabalho. Quando se diz “natureza do
trabalho” é necessário lembrar da atenção extrema necessária no dia a dia
para evitar fugas e brigas, e para manter a ordem em um ambiente em que a
atuação de grupos criminais organizados gera uma constante ameaça para os que
ali vivem e para os trabalhadores. A consequência é lidar com ameaças de
motins, e manter uma firme vigilância para impedir que a cadeia “caia”.
Entretanto,
na realidade do nosso país - que é a que conhecemos - essas questões são
agravadas pelas péssimas condições estruturais das prisões, a superlotação e a
baixa resposta do governo em relação à precarização desse serviço e em relação
a defasagem salarial. Diante desse quadro, a quantidade de cortisol liberado em
um organismo exposto a tal ambiente - o chamado “hormônio do estresse” -
é de um percentual maior e mais constante do que o natural. O cortisol é
liberado em situações “protetivas”, o que permite ao corpo ficar em estado de
alerta quando diante de perigo eminente, ajudando na rápida reação.
Mas
cortisol em excesso é prejudicial à saúde, causando problemas de pressão,
diabetes e outros transtornos como o do sono e o citado estresse pós traumático
que produz a resposta de passagens por eventos como guerra, sequestro, abuso
sexual ou acidentes graves. Funcionários de prisão frequentemente testemunham
violência, sofrimento e passam até por crises existenciais ao questionar se o
sistema realmente é justo e eficiente.
Segundo
o estudo da Universidade dos Estado de Washington (EUA), o número de
funcionários afetados é similar ao de soldados americanos que foram ao Iraque
ou Afeganistão, e é maior do que o número de policiais afetados pela síndrome.
Entre esses funcionários diagnosticados, 15% relataram flashbacks e pesadelos
relacionados com a violência que testemunharam. Embora não exista estudo
semelhante no Brasil, as reações ao trabalho são semelhantes e os afastamentos
devido ao sofrimento com a doença incapacitante são altos.
Fonte: https://www.sifuspesp.org.br
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